Você sabia que existe mais de um tipo de resumo e de abstract? Saiba como redigi-los e usá-los.
O resumo ou abstract já foi tema de uma de nossas dicas de tradutor. Pesquisadores, professores e estudantes universitários estão sempre às voltas com a redação de um resumo, ou com sua tradução em um abstract—especialmente se desejam internacionalizar suas pesquisas. Mas você já parou para pensar que há mais de um tipo de resumo e de abstract sendo utilizado na academia?
Em primeiro lugar, existem diferenças relativas às práticas das áreas do conhecimento: os resumos e abstracts da medicina, por exemplo, são mais extensos que os resumos e abstracts na área de literatura, e muitas vezes vêm divididos em sessões que informam objetivos, sujeitos, procedimentos de pesquisa, metodologia, resultados e discussão; os resumos e abstracts de pesquisas empírico-experimentais, especialmente os das áreas mais técnicas, costumam trazer os resultados de pesquisa, ao passo que os resumos e abstracts das áreas de humanas nem sempre o fazem.
Nossa dica, porém, tem a ver com os usos dos resumos e dos abstracts. Existem dois usos diferentes para estes textos:
- Em primeiro lugar, costumamos usá-los para submeter trabalhos para apresentação em congressos e eventos acadêmicos. Muitas vezes, são escritos com a pesquisa ainda em andamento, e os resultados nem sempre foram alcançados; também ocorre em algumas áreas que é o próprio evento que motiva a elaboração da pesquisa, e portanto o resumo ou abstract assume a forma de uma carta de intenções—não está, propriamente falando, resumindo nada, já que ainda não há o que resumir.
- Em segundo lugar, resumos e abstracts são parte indispensável dos artigos científicos ou papers, e exigidos em periódicos acadêmicos. Neste caso, o resumo e o abstract de fato apresentam seja uma pesquisa concluída, seja uma etapa concluída de uma pesquisa mais ampla; assim sendo, de fato apresentam de forma sucinta todo o processo de pesquisa, e podem incluir resultados.
Uma implicação dessas diferenças que nem sempre levamos em conta é que, apesar de ser uma tradução direta do resumo, o abstract fala para um público distinto: a comunidade acadêmica internacional, que não pode ler o artigo, mas que poderia estar interessada em conhecer seus objetivos, metodologia e resultados.
Quando confundimos os dois tipos de resumo e de abstract, a internacionalização de nossos resultados fica comprometida.
Por exemplo: não é aconselhável que um resumo ou abstract de periódico acadêmico use verbos no futuro ou modalizações sobre as intenções (“esta pesquisa pretende investigar”, “a análise será conduzida”, etc.); estas formas denotam pesquisa não concluída, sendo mais propícia a um resumo ou abstract enviado a um congresso. Ao escrever para um periódico acadêmico, lembre-se que seus resultados já foram alcançados, e prefira o presente ou o pretérito, conforme o que estiver descrevendo (“esta pesquisa investiga”, “a análise foi conduzida”, etc.).
Também é importante conversar com seu tradutor, para que seu abstract possa esclarecer o que for necessário para um público internacional. Conversar com o tradutor pode garantir que seu abstract consiga alcançar de forma mais eficiente seus objetivos internacionais. Também garantirá que o tradutor possa selecionar melhor as palavras-chave (já postamos uma dica sobre as palavras-chave, que você pode ler clicando aqui).