Dicionário do Petróleo da Língua Portuguesa

Dicionário do Petróleo da Língua Portuguesa

Dicionários e glossários especializados podem ser os melhores amigos do tradutor. Melhor ainda quando são oferecidos por órgãos oficiais dentro de certos campos.

No campo da Engenharia de Petróleo, há algumas fontes monolíngües úteis, como o Dictionary of Oil and Gas Production de Clifford Jones e o Historical Dictionary of the Petroleum Industry de Marius S. Vassiliou; em português, temos o Dicionário do Petróleo em Língua Portuguesa: Exploração e Produção de Petróleo e Gás, de Eloi Fernández, Oswaldo A. Pedrosa Junior e António Correia de Pinho, o Dicionário Jurídico do Petróleo, de Rodrigo Arruda, Antonio Lobo Campos e Jerson Carneiro Gonçalves Júnior; finalmente, temos o bilíngüe Dicionário de Tecnologia Industrial Inglês-Português, de H. E. Philippsborn.

Na senda das fontes providas por instituições oficiais, porém, a Petrobrás disponibiliza gratuitamente um Dicionário do Petróleo, que, além de definir os termos em português, apresenta suas traduções para o inglês. Além do campo de pesquisa, o dicionário conta ainda com um glossário e um siglário, igualmente bilíngües, e também de referências sobre unidades legais de medida.

É evidente que, em se tratando de textos ligados à Engenharia de Petróleo, soluções oferecidas por esta fonte terão peso especial, inclusive caso seja necessário justificar escolhas junto aos clientes.

Devemos ter em mente, contudo, que dicionário algum é completo, especialmente os especializados; as áreas do conhecimento científico são mormente interdisciplinares, de modo que nem sempre é fácil determinar um ponto satisfatório de corte entre elas. Não há meios de se restringir ou prever a quais áreas do conhecimento um texto especializado irá recorrer, mesmo quando se encontra muito claramente dentro de um campo principal.

Também é importante atentar ao fato de que a padronização terminológica está sempre aquém do esperado. A monografia de Rafaela de Paula Oliveira, intitulada Conflitos na padronização da terminologia offshore (São Gonçalo, ISAT, 2012; publicada na Revista eletrônica do ISAT 4.1, 2015) nos dá o exemplo de termos como draft (não, aqui não significa “rascunho”), plating e marine growth, apontando justamente a variação terminológica tanto em inglês quanto em português, muitas vezes adotada por diferentes instâncias ou obras de referência.

No Dicionário da Petrobrás, draft aparece claramente indicado como calado; entretanto, a grafia alternativa (draught) identificada por Oliveira não é apontada na fonte oficial.

Ainda segundo Oliveira, plating vem sendo traduzido por chapeamento ou casco, sendo por vezes tratado como sinônimo de hull. Como se pode ver na figura abaixo, o termo não ocorre isoladamente no Dicionário da Petrobrás, aparecendo apenas em uma expressão mais complexa. A tradução poderá variar conforme estejamos falando de um navio ou de uma plataforma.

Finalmente, marine growth apresenta em inglês os sinônimos marine fouling e incrustation; embora Oliveira aponte que a tradução adotada pela Petrobrás é incrustação marinha, o Dicionário da Petrobrás não apresenta esta solução, nem qualquer outra, embora o inglês marine e o português incrustação possam, sim, ser identificados em inúmeros verbetes.

O processo de elaboração de um dicionário é um processo que também tem uma área própria de estudos, a Lexicografia. Fontes oficiais ou geradas por profissionais especialistas tendem à incompletude e potencial imprecisão, em parte, porque são coleções geradas pela experiência, não pela pesquisa orientada à elaboração de uma obra de referência. Assim, nenhuma fonte nos salvará de buscarmos resultados de confirmação, ou mesmo de divergirmos dela, por maior que seja seu peso em alguma área.