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Bestiário ou Cortejo de Orfeu (Le Bestiaire ou Cortège d’Orphée), Guillaume Apollinaire (18-23)

Minha tradução dos poemas décimo oitavo a vigésimo terceiro do Bestiário ou Cortejo de Orfeu, de Guillaume Apollinaire.
Bestiário ou Cortejo de Orfeu (Le Bestiaire ou Cortège d’Orphée), Guillaume Apollinaire (18-23)
Photo by Michael Jasmund / Unsplash

(18)
Orfeu (3)

Teu coração a isca, e o céu piscina fosse!
Pecador, peixe qual, no mar ou n’água doce,
Haverá que se iguale, em forma ou em sabor,
Ao santo peixe que é JESUS, meu Salvador?


(19)
O golfinho

Golfinho, brincas no oceano,
Porém a vaga é um desengano.
Minha alegria apareceu?
Minha vida inda é cruel.


(20)
O polvo

A tinta aos céus vai atirando,
O sangue amado vai sugando,
E muito o julga delicioso:
Sou eu um tal monstro horroroso.


(21)
A água-viva

Ó água-viva, ó infeliz,
Tua roxa coma te condiz;
Borrascas amas, duras, gris,
E como as queres, sempre as quis.


(22)
O lagostim

Ó Incertezas, caros bens,
Vamos os dois, se vou, tu vens,
Qual lagostim junto a maré,
De marcha ré, de marcha ré.


(23)
A carpa

Dentro dum tanque, dum viveiro
Vives, ó carpa, o ano inteiro!
Será que a morte te esquecia,
Ó peixe da melancolia?


Nota do tradutor

(18.2)

pécheur
(pecador)

Os homófonos pécheur e pêcheur escapam da homografia por muito pouco; suas respectivas traduções—pecador e pescador—, diferenciadas por uma consoante, escapam a tal perfeição. O contexto pede que o leitor francófono acolha a homofonia, e que sabia que o acento impresso pouco importa; em português, próximas como sejam as palavras, uma escolha desabona a outra.

Bestiário ou Cortejo de Orfeu (Le Bestiaire ou Cortège d’Orphée), Guillaume Apollinaire (1-6)
Minha tradução dos seis primeiros poemas do Bestiário ou Cortejo de Orfeu, de Guillaume Apollinaire; seguem-se as notas do tradutor e minhas notas de tradução.
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Minha tradução dos poemas sétimo a décimo segundo do Bestiário ou Cortejo de Orfeu, de Guillaume Apollinaire; seguem-se as notas do tradutor e minhas notas de tradução.
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Minha tradução dos poemas décimo terceiro a décimo sétimo do Bestiário ou Cortejo de Orfeu, de Guillaume Apollinaire; seguem-se as notas do tradutor e minhas notas de tradução.