Dicionários são excelentes ferramentas de tradução, em papel ou online. A proximidade entre tradutores e dicionários mereceu comentário, inclusive, de Jean Delisle e Judith Woodsworth, que dedicaram uma seção inteira de seu Os tradutores na história a examinar o papel da tradução no desenvolvimento deste tipo de obra de consulta.
Atualmente, tradutoras e tradutores continuam colaborando com a produção de léxico e terminologia especializada (como apontei em outro texto, tradutores são interventores terminológicos), agora de forma colaborativa, pelas vias digitais.
Um dos mais recentes exemplos é o dicionário online All Acronyms, especializado em siglas (que costumam dar alguma dor de cabeça na hora de traduzir). A base de dados permite que os usuários votem nas definições das siglas; também estão categorizadas por categoria e por tópicos. Em português, fonte semelhante em formato impresso é o Dicionário de siglas e abreviações de Luiz Mendes Antas (3.ed.2009).
A produção cooperativa do conhecimento pelas vias digitais ainda esbarra em critérios mais propriamente científicos de produção e aferição de conhecimento; mesmo assim, o paradigma de produção coletiva lançando por iniciativas como a já indispensável Wikipédia e, no campo específico da lexicografia, pelo Urban Dictionary (que pode muitas vezes nos salvar de apuros, embora contenha definições realmente problemáticas e fuja à norma dos real-life examples preferidos por dicionários profissionalmente compilados) reforçam não somente o papel social e coletivo da ciência, mas também a importância da tradução em sua produção e difusão.