Epitáfios (Epitaphs), Countée P. Cullen
Três epitáfios
A minha avó
Eis flor tão linda vai ao chão;
Sol e chuva, mãos à obra!
Pois fez ao morrer profissão
De fé em vida nova.
A uma virgem
Quarenta anos relutando
A luxúria em minha matriz;
Morte enfim me conquistando
Fez de mim o que bem quis.
A uma dama que conheço
Julga que a si e aos seus no Paraíso
É dado o dormir e o roncar,
Enquanto às sete o negro querubim
Começa a trabalhar.
MONROE, Harriet (Ed.). Poetry: A Magazine of Verse, 24.2, maio/1924, pp.76-7.
Epitáfios
A um tolo
Na terra, o sábio sempre ao tolo
Aconselha e dá regras;
Aqui, o sábio é como o tolo
(Não menos às cegas).
A alguém que se deu ao prazer
A vida, pra mim vivi-a eu,
Outro ma lamente;
Tomei à vida quanto deu:
Casca, fruto e semente.
A uma lasciva
Em vida, roupa que um galante
Tira ou exp’rimenta;
Na morte, encontrei um constante
Amor que me acalenta.
A um pastor
Vaidade das vaidades,
Tudo é vaidade, deveras;
Mesmo o cajado que te acossa
Torna ao pó e à terra.
MONROE, Harriet (Ed.). Poetry: A Magazine of Verse, 26.4, jul/1925, p.204.