Três epitáfios

A minha avó

Eis flor tão linda vai ao chão;
Sol e chuva, mãos à obra!
Pois fez ao morrer profissão
De fé em vida nova.

A uma virgem

Quarenta anos relutando
A luxúria em minha matriz;
Morte enfim me conquistando
Fez de mim o que bem quis.

A uma dama que conheço

Julga que a si e aos seus no Paraíso
É dado o dormir e o roncar,
Enquanto às sete o negro querubim
Começa a trabalhar.

MONROE, Harriet (Ed.). Poetry: A Magazine of Verse, 24.2, maio/1924, pp.76-7.

Simon the Cyrenian Speaks by Countee Cullen | Three… | Poetry Magazine
May 1924 | Harriet Monroe, Ernest Walsh, Emanuel Carnevali, Countee Cullen, Earl Daniels, Dorothy Dow, John Finerty, Meridel Le Sueur, Genevieve Lynch, Frederick McCreary, Marion Strobel, Eda Walton, George Williamson, Dorothy Dudley

Epitáfios

A um tolo

Na terra, o sábio sempre ao tolo
Aconselha e dá regras;
Aqui, o sábio é como o tolo
(Não menos às cegas).

A alguém que se deu ao prazer

A vida, pra mim vivi-a eu,
Outro ma lamente;
Tomei à vida quanto deu:
Casca, fruto e semente.

A uma lasciva

Em vida, roupa que um galante
Tira ou exp’rimenta;
Na morte, encontrei um constante
Amor que me acalenta.

A um pastor

Vaidade das vaidades,
Tudo é vaidade, deveras;
Mesmo o cajado que te acossa
Torna ao pó e à terra.

MONROE, Harriet (Ed.). Poetry: A Magazine of Verse, 26.4, jul/1925, p.204.

Epitaphs by Countee Cullen | Poetry Magazine
July 1925 | Henry Moe, Harriet Monroe, Stanley Vestal, Lucile Ames, David Arkin, Marguerite Arnold, Countee Cullen, Gustav Davidson, Grace Dawson, Anne Dodge, Louise Driscoll, Jan Flynn, Horace Gregory, Florence Hickey, Paul Horgan, Edna Smith, Lee Weber