Quatro poemas frios de Robert Frost
Despejando neve (Dust of Snow)
Um corvo pousando
Em rama, e neve
Em mim despejando
Do galho onde esteve,
Mudou, destarte,
Meu sentimento,
Salvando parte
Dum dia odiento.
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Punhado de neve (A Patch of Old Snow)
Num cantinho, um punhado de neve
Não fresca, parece
Papelucho que a chuva ali trouxe,
E ali o esquece.
Salpicado e sujinho, semelha
Conter um texto—
Notícias dum dia que ou não li,
Ou que ora esqueço.
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Parada ao bosque enquanto neva (Stopping by the Woods on a Snowy Evening)
Sei quem é dono daqui;
Na vila, não no bosque, o vi;
Em seu bosque não me verá,
Se paro a ver nevar aqui.
Meu cavalo estranhará
Que pare onde casa não há,
Entre o bosque e o lago gelado,
Se assim escura a tarde está.
Como se houvesse perguntado
Se acaso paro equivocado,
Aos flocos, ao vento a zunir,
Une o som do arnês chacoalhado.
Que lindo o bosque a se sumir,
Mas hei promessas a cumprir,
E muito chão até dormir,
E muito chão até dormir.
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Fogo e gelo (Fire and Ice)
Há quem opine o fim do mundo
É pelo fogo, há quem diz gelo.
Do gosto que tem o desejo,
Que o fim do mundo é fogo eu vejo.
Mas se é mister um fim segundo,
Bem fez-me o ódio ver que o gelo
Pra dar um novo fim ao mundo
De modo igual
Não é nada mal.
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