Soneto 1: Ó rouxinol! (O Nightingale!), John Milton
Ó rouxinol, que do ramo florido
Cantas no ocaso, no bosque já quieto,
Que invitas à esperança o amante inquieto,
Maio enquanto é das Horas conduzido:
Ao fim do dia e antes do cuco ouvido,
Teu melífluo trinado locupleto
Prediz o amor; se és, pois, de Zeus dileto,
Se te augúrio amoroso é concedido,
A tempo canta, antes que o cuco incréu
Desdita me anteveja desde as matas;
Ano após ano, és núncio temporão
Em dizer-me feliz, e sem razão:
Seja a Musa ou o Amor quem serenatas,
Aos dois não menos sirvo ou sou fiel.