Soneto 7: Quão temporão (How Soon Hath Time), John Milton
Quão temporão, Tempo ladrão da juventude,
Meu lustro quarto e mais três anos me roubou!
Minha apressada primavera não deixou
Flor nem florada, e nem botão inda me alude.
Talvez minha aparência esconda a plenitude
Da madurês que prematura a mim chegou
—Diversa do feliz a quem pontual vingou—,
E o homem dentro feito ao fora se me elude.
Seja ela tal ou qual, pequena seja ou grande,
Do que me cabe em sorte, ou muito ou nada seja,
Por medidas adota, e por rija mensura;
Qual o tempo e a vontade Celeste a comande,
Tal será, e se a graça de usá-la me enseja,
Sempre tal como a quer o Senhor nas alturas.