Tradução: quantas vozes tem a sua voz?
Todos temos uma voz. No mundo simpático de hoje, alguém fácil e corretamente objetaria que há no mundo pessoas mudas. De fato. Mas não me refiro à voz como fenômeno acústico.
O escritor Jorge Luis Borges, quando falava de seus escritos de juventude, às vezes dizia que ainda não havia “encontrado a sua voz”. Marcou-me esta metáfora por bastante tempo. A voz de que falo não é aquela com a qual se nasce. É algo que buscamos, construímos, e encontramos. Mais importante: é algo que transformamos.
A voz de que falo reflete nossa sintonia conosco mesmos. Com o amor que sentimos, com nossa solidariedade, nosso senso de justiça e de humanidade. A voz que se afina com nossa empatia, com o luminoso esforço de compreendermos quem se parece conosco e, especialmente, quem não se parece. A voz que ecoa nossos projetos, e viabiliza nossa contribuição para com a construção do mundo em que desejamos viver.
Tradutoras e tradutores constroem a própria voz a partir da empatia com a voz alheia. Tradutoras e tradutores harmonizam a própria voz para que, através dela, outras possam reverberar de um modo ao mesmo tempo distinto de si e consoante consigo. Tradução é empatia, simpatia e polifonia.
Como seria a sua voz em tradução? Que voz você teria em outras línguas?
Nós, tradutoras e tradutores, estamos aqui para ajudar você a descobrir isso.