Saúde pública, política e participação feminina: um adendo
Em ocasião recente, comentei estudos que relacionam a mais ampla participação política feminina a melhores desempenhos de gestão. O periódico Health Affairs acaba de publicar um artigo que examina a mesma questão, a partir de um corpus brasileiro; intitula-se Increases In Women’s Political Representation Associated With Reductions In Child Mortality In Brazil (Aumento na representação política feminina associado à redução da mortalidade infantil no Brasil), e é da autoria de Philipp Hessel, María José González Jaramillo, Davide Rasella, Ana Clara Duran, e Olga L. Sarmiento.
A Deutsche Welle brasileira publicou uma reportagem recente que comenta e e resume os resultados da pesquisa. Ofereço, abaixo, a tradução do resumo.
Abstract
We assessed the effects of female political representation on mortality among children younger than age five in Brazil and the extent to which this effect operates through coverage with conditional cash transfers and primary care services. We combined data on under-five mortality rates with data on women elected as mayors or representatives in state and federal legislatures for 3,167 municipalities during 2000–15. Results from fixed-effects regression models suggest that the election of a female mayor and increases in the shares of women elected to state legislatures and to the federal Chamber of Deputies to 20 percent or more were significantly associated with declines in under-five mortality. Increasing the political representation of women was likely associated with beneficial effects on child mortality through pathways that expanded access to primary health care and conditional cash transfer programs.
Resumo
Analisamos os efeitos da representação feminina política na mortalidade infantil entre zero e cinco anos no Brasil, bem como a medida em que este efeito opera por meio das transferências condicionais de dinheiro e dos serviços de atenção primária à saúde. Combinamos dados das taxas de mortalidade infantil abaixo dos cinco anos com dados sobre prefeitas e deputadas estaduais e federais em 3.167 municipalidades, entre 2000 e 2015. Os resultados dos modelos de regressão de efeito fixo sugerem que a eleição de prefeitas e o aumento do número de mulheres nas Assembléias Legislativas e na Câmara de Deputados em 20% ou mais estão significativamente associados à queda nas taxas de mortalidade infantil entre zero e cinco anos. O aumento da representação política feminina foi potencialmente associado aos efeitos benéficos sobre a taxa de mortalidade pelas vias da expansão do acesso à atenção primária e aos programas de transferência condicional de dinheiro .